domingo, 6 de junho de 2010

Lazy Eyes

Seu corpo é um piano. E enquanto ressonava sonolenta na cama, eu pude perceber as formas que ele adquiria durante o passar dos minutos. Fiquei observando com os olhos, com o nariz e as mãos: você e a música que tocava eram uma coisa só. Era como se toda a matéria se diluísse em sons, luz e perfume e eu me inebriasse de tudo isso com um ar de satifação plena.
É verdade, não acredito em destino, creio antes na liberdade. Toda nossa vida juntos se deu num esforço brutal de desconfigurar o destino: descrédulos de nós, nos entregávamos cegamente, jovens apaixonados, simplesmente seguíamos caminhos diferentes. O ambiente era constantemente preenchido com nossas incertezas e nossas desconfianças. Éramos muito livres tanto para o "sim" como para o "não".
Estragamos tudo muitas vezes, é claro. Eis outro exemplo da nossa contravenção afetiva. As pequenas demonstrações de carinho (algo que nos parecia inocente e prudente) eram seguidas por sacanagem incondicional, inegociável...E quando parecia que gozávamos de toda alegria do mundo, não tínhamos pudores em destruir tudo aquilo trocando ofensas e nos magoando.
Não sei o que será de nós. Construo sonhos pelo menos uma vez por dia e com a mesma freqüência os ignoro. Olho-a com amor e desinteresse, tesão e repúdio, carinho e raiva, encantamento e tolerância, ternura e espanto. Tudo vem junto. Tudo é livre para nós.
Preguiça em seus olhos. Tomara que o dia acabe em nossos pequenos prazeres. Dorme, meu bem...

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